Apesar de fazer mais de uma semana da minha primeira Meia Maratona (21km), só agora encontrei um caminho para escrever sobre a sensação de superação, prazer e felicidade ao cruzar a linha de chegada depois de 2:14:52. Sou meio exigente comigo para escrever, portanto, enquanto não encontro um caminho que julgue valer a pena, prefiro esperar uma inspiração que justifique o texto.Desde a Meia Maratona de sábado passado (08.12.2012), fiz funcional, corri 1500 e 100 metros, joguei vôlei e vôlei de praia nos Jogos dos Servidores Públicos, mas só hoje (16.12.2012) voltei a treinar para as corrida longas, fazendo 9km na Ponta Negra.Fui correr só. É incrível como numa determinada etapa da corrida sempre sinto um impulso, uma necessidade incontrolável de abrir os braços e agradecer a Deus pela minha nova vida, pelas minhas novas escolhas, por ter me dado forças para uma vida mais centrada e saudável, uma vida de sentimentos verdadeiros em troca da ilusão da bebida e da farra.Foi assim. Abri os braços e agradeci a Deus. Pouco depois chega ao meu lado o André, um velho amigo dos tempos que eu andava no conjunto Tiradentes, e diz: – Marcelo, lembro como tudo isso começou, dos dias que você postou vídeos na internet indo para Assembleia de bicicleta como forma de reclamar por ciclovias e indo correndo/andando para denunciar a situação das calçadas em Manaus. Você é uma nova pessoa!Sou mesmo! Aos 39 anos nunca me senti tão jovem. Esse fato e a cobrança do meu amigo Edézio Rufino – que fez um belíssimo depoimento sobre a sua experiência na meia maratona – obrigaram-me e deram-me a inspiração necessária para escrever sobre a prova.A Meia MaratonaEstava bastante ansioso. Já tinha corrido 21km, inclusive feito o percurso daquela prova. Mas queria baixar meu tempo de 2:29 para o mais próximo de 2:25 e, principalmente, ver meu irmão Rodrigo Ramos concluir a prova.É impressionante como uma prova de 21km pode despertar tantos sentimentos e apresentar tantos cenários.Comecei num ritmo lento, junto com Edézio, Chesco (meu treinador) e Gabi. Após a primeira subida, ainda antes da Ponte, uma turma de jovens no quintal de uma casa tomando cerveja e já visivelmente embriagados. Olhei pro meu amigo Edézio Rufino e disse a ele: “Olha ali, mano. Tempos atrás nos estaríamos ali” (apontando para turma que bebia). Ao tempo que disse ao Edézio, pensei: Nós estaríamos ali, nossas famílias estariam tristes e preocupadas, nosso filhos decepcionados e amanhã teríamos uma dor de cabeça e uma ressaca danada.Segui em frente. Até a subida da ponte muitos me passavam. Iniciou a descida da ponte e veio aquele desejo incontrolável de abrir os braços e agradecer a Deus. Fiz isso. Lembrei-me do quanto a minha vida mudou, do quanto sou mais feliz, do quanto sou capaz de superar meus limites. Lembrei o dia que corri 5km, que corri 8km, que corri 10km, que corri 15km, que corri 20km, que corri 21km. Senti-me um gigante!Aumentei o ritmo. Da descida da ponte em diante fui me sentindo cada vez mais forte e percebendo a possibilidade de fazer um tempo melhor que o planejado. No retono dos 10,5km sentia-me capaz de aumentar o ritmo mais um pouco. Fiz isso. Percebi que poderia completar a prova próximo de 2:20h.Nos treinos, os 2,7km da subida da ponte era sempre um ponto de superação. Várias vezes fiz a subida de forma tão ou mais veloz que a corrida no plano. Tentei isso, mas veio um momento crítico. Comecei a sentir fisgadas de câimbras. Resisti. Veio a descida da ponte e poderia aliviar um pouco, mas percebi que poderia completar a prova em menos de 2:20. Forcei o ritmo.Logo depois uma pequena subida, uma descida e outra subida quando a câimbra já era difícil de controlar. Mas não ia ter chegado até ali para sentir câimbras a menos de 1km da chegada.Foi ai que percebi o quanto a força do psicológico empurra você numa corrida. Naquela hora fui movido pela certeza de poder completar a prova – fruto do aspecto psicológico de estar bem treinado -, pelo orgulho próprio de completar num tempo muito abaixo do planejado, pela alegria de ver-me capaz de superar meus limites. Eu voltava a ser um gingante no final da prova.Eis que a poucos metros da chegada, uma cena emocionante que me fez lagrimar. Passando em frente ao condomínio Parques das Flores, a família do Edézio toda esperando ele passar. Quando a esposa do Edézio perguntou por ele, disse que ele estava vindo, e tive a certeza que as câimbras não me derrubariam antes da linha da chegada, como também não derrubariam ele.Próximo à linha de chegada, muitas pessoas desejando forças, na linha de chegada, a turma do RM aplaudindo e vários amigos parabenizando. Fechei a prova em 2:14:52, quase 15 minutos abaixo do planejado.Tirei o chip, recebi minha medalha, sentei um pouco. Mas lembrei o que disse pro meu irmão Rodrigo antes da corrida: “Na corrida como sempre foi na vida. Sempre juntos. Um ajudando o outro”. A corrida não estava completa. Precisava ajudar o meu irmão a completar a prova. Chamei o Rogério (nosso treinador do RM Funcional) e disse que precisávamos encontrar o Rodrigo e correr a reta final com ele. Voltei pra prova. Felizmente, encontramos o Rodrigo a menos de 500m da chegada e corremos ao lado dele. Cruzei a linha de chegada novamente. Agora junto com o meu irmão.Ainda fiquei pra ver a chegada do Chesco e da Gabi e depois a do Edézio.Missão cumprida. Feliz demais!Obrigado meu Deus pelas minhas escolhas e pela minha nova vida.
Chegando dos 21km
“Minha maior alegria nessa corrida. Poder compartilhar a vitória com meu mano Rodrigo Ramos que disse que ia fazer e fez os 21km. Juntos podemos tudo. Na corrida como na vida.”
Texto de Edézio Rufino
9 de dezembro
Nos meus últimos 60 dias conseguir fazer e realizar alguns sonhos e retomar minha vida de atleta, fiz uma corrida de 5 km a qual me impulsionou e despertou aquele velho atleta que estava morto no meio de rodadas de bebedeiras, cigarro e noitadas!!! Fiz uma prova bacana com tempo de 28 minutos sendo que em 3 dias vinha um novo desafio o triathlon, incentivado pelo amigo Afonso Junior, mais uma vez me aventurei a fazer aquele velho corpo ir ao seu limite, chegar a um esgotamento físico que a tempo não acontecia, fiz uma prova em 2h e 5 de muito suor, garra e alegria, o brilho nos olhos de minha familia mostravam que eu poderia ser aquele cara que muitos um dia tiveram orgulho!!! Dificil de falar pois as lágrimas caem do rosto sem um porque!!! Quem um dia se arriscar nessas aventuras vai entender!!!! Como em minha vida sempre fui um cara exagerado, e dessa vez incentivado por outro amigo Neto Gusmão resolvi encara essa tal de meia maratona do Amazonas, 21 km!!!! Só de pensar em descrever o que senti já estou com dores!!! A prova mais dura que pude fazer, em muitos momentos pensei em desistir, em muitas horas me fiz uma pergunta!!! O que to fazendo aqui?? Pra que isso?? Será que valhe a pena esse esforço? Meu Deus isso não acaba!!! E o tempo foi passando e resolvi conversar um pouco com Deus sobre minha vida!!! Agradeci pela bela família que pude construir, por ter uma esposa ao meu lado espetacular, por ter filhos saudáveis, e pedi perdao por muito dos meus erros e das minhas falhas!!! Fizemos alguns treinos mais a noite 19 hs o clima da tarde hoje era outro, e senti muito antes dos 10 km, mais uma vez a vontade de arregar me assolava, olhava os meus amigos passarem e ir ao encontro do fim da prova e meu orgulho me dizia que eu era homem o bastante para suportar as dores no ombro e caimbras na mão esquerda, e fui correndo!!! Quando cheguei aos 15 km não aguentava mais, tava esgotado, no meu limite, vai que surge um anjo da guarda, uma professora do colégio militar que não sei o nome, e que me disse vem comigo que vamos terminar nosso propósito!!! E o ritmo de corrida fluiu, vi que ela tinha dificuldades nas ladeiras e tava ficando para trás, nesse momento era hora de ser solidário a ela, voltei e disse minha parceira vamos cruzar essa faixa juntos, pra minha surpresa minha esposa e meu filho me esperavam no último km, ai meu corpo e meu espírito se encheu de alegria, e o gás que não tinhamos mais apareceu finalizamos nossa prova em 2h e 50 minutos dessa vez de muita luta, lembro de gritos de amigos como Marcos Sombra Sombra, Paulo Gilson Ferraz Afonso, Marcelo Ramos na minha chegada, mais tava meio cego, não comandava minhas ações, vai que acho o Fabiano nosso Biano Carioca, nessa hora as lágrimas eram nosso troféu, umas mistura de dor, e orgulho pela nossa mudança verdadeira de vida, hoje eu dedico essa corrida ao seu Miguel pai do fabiano, nesse momento a figura do seu pai foi o que veio em minha cabeça!!!! A dor é uma coisa que sempre teremos nesse tipo de esporte que agente escolheu de praticar, mais finalizar os desafios, ver que vc é CAPAZ!!! Como meu amigo Fabiano falou: Irmão só nós sabemos o que estamos sentindo!!!! Essa prova nunca vou esquecer!!! Meia maratona do Amazonas!!!! Valeu Seu Miguel essa foi pro senhor!!!!