(*Artigo publicado no Jornal Dez Minutos na edição do dia 04 de novembro de 2013)
No domingo dia 27.10 participei de um triathlon na qual nadei 1.9km, pedalei 90km e corri 21km em quase 6 horas de prova. Participar foi certamente um dos maiores desafios da minha vida, assim como cruzar a linha de chegada foi uma das maiores alegrias.
Uma prova longa e dura como essa nos dá muitas lições para o corpo e para alma. Mas quero aqui falar de um episódio em especial.
Cheguei muito cedo pra prova, marcada para as 7h da manhã. Arrumei minha bicicleta e todas as coisas que precisamos, como capacete, touca, óculos de natação, tênis de corrida, gels de carboidratos, água. Ainda estava escuro e era uma bela cena aquela de mais de 3 mil pessoas chegando para a competição.
Tudo arrumado, circulei um pouco entre os competidores e uma cena me surpreendeu.
Havia um senhor de pouco mais 50 anos, muito forte e atlético e ao lado dele um garoto de pouco mais de 20 anos com paralisia cerebral. A surpresa não era o porte atlético do senhor, havia muitos como ele por lá. A surpresa era que o garoto na cadeira de rodas tinha touca e óculos de natação nas mãos. Ele participaria da competição.
Pensei em tirar uma foto dos dois. Temi a reação. Fiquei por ali cercando imaginando como era possível alguém como aquele garoto participar de uma prova tão dura e longa. Não encontrei respostas.
Depois de nadar 1.9km, estava na segunda metade dos 90km de ciclismo quando outro lado da pista, ainda na primeira metade, passa aquele senhor pedalando a sua bike puxando o garoto no triciclo. A emoção foi inexplicável. Chorei.
Só quando acabei a prova, fui saber a resposta para a pergunta que me consumiu quando vi aqueles dois. Eram irmãos. O mais velho nada puxando o mais novo num bote, pedala puxando-o no triciclo e corre empurrando-o numa cadeira de rodas.
A pergunta que me martelou a cabeça foi feita para o irmão mais velho. Como era possível? E ele respondeu. “Ele não pesa! Ele é meu irmão!”
É verdade. Irmãos não pesam!
Com amor para aqueles irmãos e também para o Beto, a Glenda e o Rodrigo Ramos.
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