Hoje durante a minha corrida matinal decidi escrever um blog sobre as minhas experiências com a atividade física e como elas influenciaram e, em certos casos e momentos, até mudaram a minha vida.
Hoje fiz 20km e, para isso, precisei correr 2:17:13 sem parar. Deu tempo pra pensar em muita coisa, inclusive na ideia desse blog e do papel que a atividade física, em especial, a corrida exerce na minha vida.
Durante muito tempo fui atleta de voleibol – quando alguém com 1,73m ainda podia jogar voleibol fora da posição de líbero, criada quando eu já não jogava mais. O vôlei como, em regra, os demais esportes exigem concentração na partida. Ocupam a mente e nos afastam dos problemas e dos assuntos do dia-dia.
Na corrida é diferente. Durante uma corrida dá pra encontrar uma solução de trabalho, pra lembrar um bom filme, pra pensar sobre um livro, pra refletir sobre a vida, sobre a família, dá até pra decidir escrever um blog e definir os temas que serão abordados no primeiro texto.
Na minha experiência, a corrida não me fez fugir dos meus problemas, ajudou-me a enfrentá-los.
Assim, foi na corrida de hoje. Corri só e, logo nos primeiro quilômetros, não consegui mais configurar a música no celular. Dizem que tem mal que vem para o bem. A falta de companhia e de música permitiu que eu pudesse a cada metro refletir sobre as decisões que tomei na minha vida e como a atividade física ajudou e influenciou nelas.
Ainda no primeiro quarto da corrida fui tomado pela ideia desse blog e daí em diante ela me acompanhou por mais de 15 Km. O que escrever, como escrever, quais experiências na minha vida estão relacionadas à atividade física.
Lembranças remotas: a paixão pelo voleibol aos 12 anos como mecanismo de superação da morte prematura e súbita do meu pai. Lembranças atuais: a decisão de parar de beber e como a corrida consolidou essa decisão.
É engraçado. Na corrida ouço meu pai, aconselho meu filho, reflito sobre minha família, fortaleço minhas convicções na vida pública e reafirmo a cada novo desafio que o verbo DESISTIR não existe na minha gramática da corrida e da vida.
São essas experiências que quero compartilhar com os meus leitores e amigos.
Como começou?
Após publicar no meu facebook que hoje corri 20km. Recebi o comentário de Kelly Moraes Alves perguntando: Como você começou Marcelo? Teve algum acompanhamento?
A pergunta me fez refletir e vou tentar responder.
O começo é a DECISÃO!
Eu hoje posso correr 20km porque decidi colocar a atividade física como prioridade e como algo prazeroso na minha vida.
Mas pra não ficar só no óbvio, vou contar uma história.
Eu sempre gostei de atividade física, como já relatei, fui atleta de voleibol, jogava meu futebol no final de semana, ia à academia. Mas a política, o trabalho e o happy hour (bebida) com os amigos sempre estavam à frente da atividade física na minha ordem de prioridade, ou melhor, sempre eram usados como desculpa para a minha indisciplina.
Aos 38 anos, sem perceber, estava com 92 quilos (tenho 1,73m), cara inchada e cada dia mais sem disposição para a atividade física, trocada por tudo, principalmente pela bebida com os amigos. Hoje quando vejo as minhas fotos de um ano atrás tomo um susto.
Ai veio a DECISÃO.
Não vou aqui relatar os motivos porque são de natureza íntima e familiar, mas acordei no dia 14.08.2011 e disse para todas as pessoas que amo (familiares e amigos) que não beberia mais até o dia 31.12.2011.
Não foi preciso mais que o primeiro final de semana pra perceber como a decisão era correta e como ela mudaria a minha vida.
Todas as sextas no final da tarde, reunia em um bar com os amigos. Não fugi. Fui para o bar encontrar com os amigos. Como uma diferença. Apesar das brincadeiras e pressões da turma, só tomei guaraná zero. Depois jantei com a esposa. Fui pra casa. Li boa parte de um livro. Acordei as 6h da manhã e fui correr na Ponta Negra, como hoje. A tarde ainda tive disposição de ir pro kart com meu filho.
Estava ai a grande diferença.
Minhas sextas eram sempre divertidas com a turma de amigos e a bebida. Sempre dormia feliz. Mas quando eu acordava a felicidade que dormira comigo não estava mais lá, tinha se transformado em ressaca, confusão com a família, indisposição para a leitura, para o trabalho e pouca qualidade na convivência com o meu filho.
Já naquele final de semana, percebi que a felicidade que dorme, agora também acorda comigo.
Não deixei meus amigos – hoje eles já respeitam minha decisão de não beber -, não parei de ir ao bar tomar meu guaraná zero. Mas agora eu tinha metas. Queria ter uma convivência melhor com as pessoas que amo. Queria emagrecer e correr bem 10km.
Pronto. Beber e dormir muito tarde não combinavam com as minhas metas.
Corri 5km. Depois corri 8km. Depois corri 10km. Depois queria correr 10km em menos de uma hora, consegui! Um dia decidi tentar 15km, consegui! Hoje, decidi tentar correr 20km e também consegui! Agora, até o final do ano, uma meia-maratona – só falta 1km, já que corro 20km e a meia é 21km e uma maratona (42km) até o final do ano que vem.
Claro que nessa decisão e no cumprimento das metas foi fundamental o apoio especializando dos professores Fio, Chesco e Rogério. Mas, sem a DECISÃO, nada teria acontecido.
Você deve tá curioso porque lá atrás disse que não beberia apenas até o dia 31.12.2011. Portanto, como bom bebedor, não perderia aquele revellion de 2012 por nada. Mas foi ai que veio a nova DECISÃO.
Fiz duas listas em uma folha em branco. Uma com o que ganhei e outra com o que perdi ao parar de beber. Sabem o que descobri? Que ganhei muito mais do que perdi. Decidi não beber nunca mais!
Isso não é uma crítica a quem bebe e nem uma pregação contra a bebida. É apenas o relato de uma experiência.
Foco e disciplina
Na corrida, como na vida, não existem limites para quem tem foco e disciplina. A fórmula é simples: FOCO + DISCIPLINA = SUPERAÇÃO DE LIMITES + FELICIDADE.